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Via Láctea pode ter se formado “pacificamente”, diz novo estudo

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Astrônomos capturaram uma imagem detalhada de uma galáxia extremamente semelhante à Via Láctea, localizada a cerca de 320 milhões de anos-luz da Terra. O feito foi realizado pelo Centro de Excelência para Toda a Astrofísica da Austrália e a Universidade de Sydney.

A galáxia UGC 10738 foi fotografada pelo observatório Very Large Telescope, que é um conjunto de telescópios localizado no Chile. É o instrumento óptico mais avançado do mundo, sendo composto por quatro telescópios com espelhos principais de 8,2 metros e quatro telescópios auxiliares móveis, com espelhos de 1,8 metros.

O ponto de destaque sobre o estudo, é que coloca em dúvida a teoria sobre o surgimento de nossa galáxia. Conforme as teorias atuais, a nossa galáxia se fundiu violentamente a outra galáxia, uma parceira menor chamada Gaia-Enceladus, 10 bilhões de anos atrás.

Dessa fusão com Gaia-Enceladus, teria originado à maior parte dos discos finos e grossos da Via Láctea. Segundo os astrônomos, grandes galáxias, como a Via Láctea, sempre são a fusão de galáxias menores. Assim, a Via Láctea não poderia ser diferente: também é produto de pequenas fusões.

Sendo assim, não deveríamos encontrar essas estruturas dos discos em outras galáxias. Mas a imagem obtida pelo Very Large Telescope coloca essas teorias em dúvida, pois mostram que a galáxia UGC 10738 possui discos com espessuras diferentes, assim como a Via Láctea, sugerindo que sua estruturação não é resultado de uma colisão com outra galáxia menor. Possivelmente foi formada ao longo de bilhões de anos e de forma “pacífica”.

Galáxia UGC 10738 observada pelo VLT (Imagem: Reprodução/Jesse van de Sande/VLT/ESO)

“Nossas observações indicam que os discos finos e grossos da Via Láctea não surgiram por causa de uma fusão massiva, mas uma espécie de caminho ‘padrão’ de formação e evolução”, apontou Nicholas Scott, que lidera a equipe de estudos ao lado do Dr. Jesse van de Sande.

O estudo revelou que os discos grossos da UGC 10738 são formados por estrelas antigas, ricas em hélio e hidrogênio, enquanto os discos finos são feitos de estrelas muito jovens e ricas em metais.

“Conseguimos avaliar as proporções metálicas das estrelas nos discos [da galáxia UGC 10738]. Eles eram praticamente os mesmos da Via Láctea — estrelas antigas no disco grosso, estrelas mais jovens no disco fino. Estamos olhando para algumas outras galáxias para ter certeza, mas isso é uma evidência muito forte de que as duas galáxias evoluíram da mesma maneira.”, continuou Sande.

Com esses novos estudos, os astrônomos esperam ter uma concepção mais detalhada sobre a formação e evolução de nossa galáxia, a Via Láctea.

O artigo original sobre o estudo pode ser lido no Astrophyiscal Journal Letters.

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