Ensinar as pessoas a lidar, de maneira crítica e responsável, com o que veem, recebem e compartilham on-line é essencial para promovermos uma sociedade mais democrática e preparada para enfrentar o problema da desinformação.
Esse é justamente o objetivo do EducaMídia, programa de educação midiática nascido em 2019 com a coordenação do Instituto Palavra Aberta e apoio financeiro do Google.org.
Através de seu braço filantrópico, Google.org, foi feito uma doação de R$ 5 milhões, além dos R$4 milhões repassados no início do projeto. Com o novo aporte, o EducaMídia poderá expandir suas atividades, levando educação midiática para ainda mais pessoas e regiões no Brasil até 2023.
A educação midiática reúne o conjunto de habilidades que permitem que crianças e jovens saibam como ler e interpretar criticamente as informações que recebem, bem como criar novos conteúdos e, assim, se expressar com consciência e civilidade – na internet ou fora dela.
O tema, que desde 2017 integra a Base Nacional Comum Curricular, enfrenta um duro desafio no Brasil e no mundo. Segundo a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), 67% dos estudantes brasileiros de 15 anos não conseguem traçar a diferença entre o que é um fato e o que é uma opinião, e quase metade afirma não ter sido ensinado sobre isso na escola.
Ao longo dos últimos dois anos, o EducaMídia formou cerca de 20.000 educadores, gestores, influenciadores e pais sobre educação midiática em cidades como Recife, Brasília e Rio de Janeiro.
Em São Paulo, desenvolveu uma disciplina eletiva de educação midiática na rede pública estadual, tornando seu conteúdo acessível a mais de 5 milhões de estudantes do sexto ano do ensino fundamental ao ensino médio.
Em meio à pandemia, adaptou sua formação de educadores para o formato on-line, o que permitiu reunir participantes de todos os estados brasileiros.
Para apoiar o educador no dia a dia na sala de aula, o programa também lançou uma série de planos de aulas gratuitos – como o material “Muito Além das Fake News”, que ensina como combater a desinformação e identificar fontes seguras.
Os coordenadores do projeto também criaram o Guia da Educação Midiática, disponível gratuitamente no site do Instituto Palavra Aberta.
Patricia Blanco, diretora do Instituto Palavra Aberta, é nossa parceira de primeira hora nesse projeto. Ela explica que o impacto da desinformação diante da atual pandemia e o risco que o problema oferece para as futuras eleições tornam a educação midiática um tema ainda mais necessário no Brasil de hoje.
“É fundamental inserir a educação midiática como um direito do cidadão e criar as condições para que educadores e gestores tenham contato e multipliquem esse conjunto de habilidades. Obtivemos sucesso na criação de currículos e ferramentas, agora queremos ampliar nosso alcance e impacto e seguir em frente na defesa de uma política pública sólida e robusta para o país.”
Até 2023, o programa atuará com o objetivo de colaborar para que a educação midiática se torne parte dos planejamentos pedagógicos das escolas no país, bem como para levar essa fluência digital para idosos e populações vulneráveis; e no combate à disseminação das notícias falsas ou de baixa qualidade para os processos eleitorais, com foco na formação de novos eleitores.
A desinformação é um desafio complexo, que demanda ações em várias frentes e o envolvimento de toda a sociedade para ser enfrentado. Investir em educação é sem dúvida uma das maneiras mais eficientes e duradouras para lidar com esse problema e estamos honrados de poder apoiar o EducaMídia em sua missão de formar cidadãos mais críticos e responsáveis.
Por Marco Túlio Pires, líder do Google News Lab no Brasil
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