CIÊNCIA

Floresta amazônica está emitindo mais gás carbônico do que absorve

Segundo pesquisa do Inpe publicada na "Nature", emissão de carbono foi 10 vezes maior em áreas com mais de 30% de área desmatada

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Um estudo preocupante foi publicado na revista britânica Nature: o desmatamento e queimadas estão diminuindo a capacidade da floresta amazônica em absorver carbono e ela está emitindo mais do que absorve.

Liderado por Luciana Vanni Gatti, pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o estudo publicado na quinta-feira (15).

“A primeira má notícia é essa: por conta das queimadas e do desmatamento, a Amazônia, hoje, é uma fonte de carbono”, explica Luciana.

Durante nove anos (2010 – 2018), os cientistas recolheram 8 mil amostras do ar em mais de 600 voos, com diferentes altitudes, e em quatro regiões da Amazônia. Nas áreas estudadas foram encontradas diferentes taxas de desmatamento.

As regiões mais desmatadas, com uma taxa de mais de 30%, apresentaram uma estação seca mais estressante para a floresta: mais seca, mais quente e mais longa.

“É sabido que acontece uma emissão direta com a queimada. A emissão indireta acontece porque, segundo o que observamos, as regiões desmatadas apresentam maior perda de chuva, principalmente na estação seca (agosto a outubro)”, explica a pesquisadora.

Com a diminuição das chuvas, a temperatura subiu 2°C no nordeste da floresta e 2,5°C no sudeste, e esse “estresse” afetou a fotossíntese, fazendo que as árvores emitam mais CO2 do que em situações normais para compensar o desequilíbrio.

“Outros projetos ainda não chegaram a essa conclusão porque eles medem o carbono disponível no tronco das árvores, enquanto a gente mede o gás carbônico direto na atmosfera. Nós medimos o CO2 que está no ar e que é resultante de tudo que está acontecendo na Amazônia”, explica Gatti.

O sul do Pará e o norte do Mato Grosso apresentaram um cenário ainda mais preocupante. Com as maiores extensões de área queimada, as regiões são uma fonte signficativa de emissões de carbono para a atmosfera, que crescem ano a ano.

“Esta região da Amazônia é a que mais gera preocupação, pois a degradação é extrema, agravando a crise de mortalidade das árvores”, comenta Gatti.

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