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Carvão ativado é ineficaz para clareamento dental

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Por Vitória Pierri | Estudo realizado por pesquisadores da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (Forp) da USP traz evidências científicas de que produtos como cúrcuma, casca de banana e carvão ativado, indicados na internet como opções caseiras para clareamento dental, são ineficazes para este fim, além de provocarem prejuízos significativos aos dentes.

A “cúrcuma e a casca da banana podem causar certo amarelamento da cor dos dentes”, sobretudo após maior tempo de utilização “devido à própria composição desses materiais”, conta Fernanda de Carvalho Panzeri Pires de Souza, professora do Departamento de Materiais Dentários e Prótese da Forp e orientadora do estudo. Já o carvão ativado, quando utilizado para escovação, pode provocar “efeito adverso muito importante, que é um aumento drástico da rugosidade desse dente”, o que leva ao seu enfraquecimento, desgaste de esmalte, maior “retenção de resíduos alimentares” e manchas ao longo do tempo de uso, informa a especialista.

“Antes de aderir às técnicas disseminadas nas mídias sociais, consulte as opiniões de profissionais habilitados, que, neste caso, são os cirurgiões-dentistas”, diz Carla Roberta Oliveira Maciel

Para verificar a possível relação entre a duração do uso dos materiais caseiros e seus resultados, os pesquisadores realizaram simulação de escovação no Laboratório de Pesquisa Prof. Dr. Heitor Panzeri, do Departamento de Materiais Dentários e Prótese da Forp, considerando as “propriedades óticas e superficiais” do esmalte dentário, como a cor e o brilho dos dentes, além da rugosidade. Com o carvão ativado, por exemplo, os especialistas simularam 14 dias de escovação, período de uso indicado na internet, e outros 30 dias. Com isso, identificaram intenso desgaste dos dentes após maior período de utilização do produto.

Em comparação com a cúrcuma, a casca de banana e o carvão ativado, os especialistas também testaram, no mesmo estudo, um clareador odontológico, prescrito somente por cirurgião-dentista, para ser usado em casa. Os resultados deixam evidente que nenhum dos produtos caseiros testados “mostrou efeito clareador sobre os dentes”, assegura a pesquisadora.

Orientar a população

O estudo realizado em 2020 e 2021, intitulado Eficiência do clareamento e clareadores caseiros populares no esmalte dental, é parte do mestrado de Carla Roberta Oliveira Maciel, aluna do Programa de Pós-Graduação em Reabilitação Oral. Para Carla, a importância da pesquisa está em “orientar a população com relação aos produtos disseminados nas mídias sociais, que, muitas vezes, não passam por testes laboratoriais e clínicos que possam garantir a eficácia e segurança de uso”, afirma.

A pesquisadora ainda cita possível “hipersensibilidade dentinária e aumento do risco de cárie”, ocasionados por esses produtos, e alerta: “Antes de aderir às técnicas disseminadas nas mídias sociais, consulte as opiniões de profissionais habilitados que, neste caso, são os cirurgiões dentistas”. Um artigo sobre o tema deve ser publicado em breve.

Mais informações: e-mail ferpanzeri@usp.br, com a professora Fernanda de Carvalho Panzeri Pires de Souza

Ouça no player abaixo entrevista da professora Fernanda de Carvalho Panzeri Pires de Souza e da cirurgiã-dentista Carla Roberta Oliveira Maciel ao Jornal da USP no Ar, Edição Regional.

Fonte: Jornal da USP

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