No ínicio deste mês foi publicado uma pesquisa na revista Astronomy and Astrophysics anunciando que não existe buraco negro no sistema estelar HR6819, contradizendo a pesquisa publicada em 2020 com grande repercussão na mídia. O resultado de 2020 indicava a existência de um buraco negro a apenas 1.000 anos-luz da Terra, sendo portanto, o mais próximo de nós até então.
Entretanto, essa nova pesquisa contradiz a anterior. O que antes pareciam ser duas estrelas orbitando um buraco negro, é na realidade um par de estrelas orbitando um centro de massa comum. O buraco negro simplesmente não existe.
Em 2020 os dois cenários foram propostos por duas equipes, mas ainda faltavam maiores informações sobre o sistema para descrevê-lo mais detalhadamente. As equipes então se uniram em busca da resposta e coletaram novos dados, entre eles a distância das duas estrelas. Isso porque, no cenário que contém o buraco negro, uma das estrelas completa uma volta ao redor dele a cada 40 dias. Já a outra, encontra-se bem mais distante, levando muito mais tempo para orbitar o buraco negro.
Os novos resultados mostraram que as estrelas encontram-se bem mais próximas entre si e que não orbitavam um terceiro corpo, o buraco negro. Este é um exemplo perfeito para mostrar o que é a ciência em sua essência. Não existe verdade absoluta, as hipóteses podem ser contestadas ou aprimoradas com o passar do tempo.
Faz parte do processo científico a retificação e reformulação de ideias baseadas nos fatos, na realidade observável, até porque, com o acúmulo de observações e eventuais avanços tecnológicos pode-se obter dados cada vez mais precisos, seja de algo desconhecido ou de algo que já havia sido estudado. Em outras palavras, é possível enxergar o Universo de forma mais confiável, mais realista e com maior riqueza de detalhes. (Por Amanda Gumesson e Mirelly Araujo / USP)
Discussion about this post