O fungo Sporothrix brasiliensis, conhecido como “fungo brasileiro”, é uma espécie relativamente desconhecida, mas está ganhando atenção recentemente devido a um surto que está preocupando os cientistas. Embora seja encontrado com frequência em regiões tropicais, o aumento da incidência do fungo tem levantado questões sobre seus efeitos na saúde humana.
Antes de 1990, o fungo Sporothrix brasiliensis era conhecido apenas nas regiões próximas a São Paulo e Rio de Janeiro, no sudeste do Brasil. No entanto, em 2018, casos de esporotricose – uma infecção fúngica causada por S. brasiliensis – foram identificados em mais 8 estados nas regiões sul e leste do Brasil. De 1998 a 2016, foram registrados mais de 4.500 casos humanos disseminados por gatos. Além disso, o fungo foi encontrado recentemente na Argentina e Paraguai, e existe uma preocupação de que ele possa se espalhar para outros países através do trânsito de animais doentes.
Segundo dados da Vigilância Sanitária do Rio de Janeiro, que acompanha o aumento do número de casos no Estado, foram diagnosticados 3.253 gatos com esporotricose em 2015. Já em 2016, houve um acréscimo de 400% nesse número, tendo sido registrados, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio, 580 casos em humanos no mesmo período.
O “fungo brasileiro” é uma espécie que foi descoberta pela primeira vez no Brasil. Ele é encontrado com frequência em regiões tropicais e florestas, mas tem sido identificado em todo o mundo. O fungo se desenvolve em plantas e matéria orgânica em decomposição e pode ser transmitido aos seres humanos através de ferimentos na pele.
O fungo Sporothrix brasiliensis é conhecido por sua capacidade de formar hifas, que são estruturas semelhantes a raízes. Ele é uma espécie de cor marrom escura e tem a capacidade de se reproduzir através de esporos. O fungo é capaz de sobreviver em condições adversas, o que explica sua presença em diferentes partes do mundo.
Gatos com esporotricose, infecção causada pelo “fungo brasileiro”, geralmente apresentam lesões faciais, geralmente ao redor do nariz. Essas lesões se desenvolvem a partir de feridas que ocorrem durante brigas com um gato infectado. Gatos que lambem as feridas infectadas em outras partes do corpo também podem transferir os fungos para o rosto e a boca.
“Por algum motivo, o fungo se adaptou aos gatos. Neles, o patógeno causa uma doença disseminada, que provoca ferimentos no rosto e nas patas”, descreve o médico Flavio Telles, da Sociedade Brasileira de Infectologia.
ATENÇÃO: os gatos não são culpados pela esporotricose. Eles são tão vítimas quanto as pessoas. A falta de políticas públicas para controlar a disseminação do fungo permitiu o espalhamento da doença.
Embora o fungo Sporothrix brasiliensis possa ser encontrado com frequência em regiões tropicais, ele tem sido associado a um aumento na incidência de infecções na pele. A infecção pode ser transmitida aos seres humanos através de ferimentos na pele, e os sintomas da esporotricose aparecem após a contaminação do fungo na pele. O desenvolvimento da lesão inicial é bem similar a uma picada de inseto, podendo evoluir para cura espontânea. Em casos mais graves, por exemplo, quando o fungo afeta os pulmões, podem surgir tosse, falta de ar, dor ao respirar e febre. Na forma pulmonar, os sintomas se assemelham aos da tuberculose.
O fungo pode se disseminar diretamente de um animal infectado para uma pessoa ou para outros animais e deixá-los doentes com esporotricose. As pessoas podem contrair esporotricose causada por S. brasiliensis pela mordida ou arranhão de um gato infectado. Outras espécies de Sporothrix raramente se disseminam pelo contato com animais. Quando as pessoas contraem infecções por S. brasiliensis por gatos, os sintomas são semelhantes ou mais graves que os da esporotricose causada por outras espécies de Sporothrix.
Além dos riscos para a saúde humana, os cientistas estão preocupados com a capacidade do fungo Sporothrix brasiliensis de se propagar para outras regiões. A adaptabilidade da espécie e sua presença em diferentes partes do mundo sugerem que ela pode ser capaz de se adaptar a novos ambientes com facilidade. Isso pode levar a uma disseminação ainda maior do fungo e a um aumento na incidência de infecções pelo mundo.
A principal medida de prevenção e controle a ser tomada é evitar a exposição direta ao fungo. É importante usar luvas e roupas de mangas longas em atividades que envolvam o manuseio de material proveniente do solo e plantas, bem como o uso de calçados em trabalhos rurais. Os indivíduos com lesões suspeitas de esporotricose devem procurar atendimento médico, preferencialmente um dermatologista ou infectologista, para investigação, diagnóstico e tratamento.
Veterinários, cuidadores de animais e o público devem ter cuidado ao lidar com gatos no Brasil e em países onde está ocorrendo o surto, especialmente aqueles que parecem doentes ou que apresentam lesões manifestas. As pessoas podem contrair esporotricose de gatos infectados, mesmo que o gato não os arranhe nem morda. Algumas pessoas contraíram após tocarem em um gato infectado e, em seguida, coçarem seus olhos. Seja cauteloso com animais desconhecidos e aproxime-se dos gatos com cuidado, mesmo que pareçam dóceis. Limite o contato entre gatos domésticos e selvagens, especialmente aqueles que parecem doentes.
O tratamento deve ser realizado após a avaliação clínica, com orientação e acompanhamento médico. A duração do tratamento pode variar de três a seis meses, ou mesmo um ano, até a cura do indivíduo. Os antifúngicos utilizados para o tratamento da esporotricose humana são o itraconazol, o iodeto de potássio, a terbinafina e o complexo lipídico de anfotericina B, para as formas graves e disseminadas. O Sistema Único de Saúde, por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde, oferece gratuitamente o itraconazol e o complexo lipídico de anfotericina B para o tratamento da esporotricose humana.
Se você desenvolver sintomas de infecção após o contato com o fungo Sporothrix brasiliensis, é importante procurar atendimento médico imediatamente. O tratamento pode incluir medicamentos antifúngicos e, em casos graves, cirurgia.
Em conclusão, o fungo Sporothrix brasiliensis é uma espécie que está preocupando os cientistas devido aos riscos para a saúde humana. Embora a infecção seja rara, pode causar graves problemas de saúde, como linfocutâneo, artrite e outras formas de infecção disseminada. Por isso, é importante estar ciente dos riscos e tomar medidas para se proteger contra o fungo.
Para mais informações sobre a infecção causada pelo fungo, leia mais sobre o assunto AQUI e AQUI.
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