O maior organismo vivo do nosso planeta, conhecido como Pando, se assemelha a uma imensa floresta, mas, surpreendentemente, é uma única entidade. Cientistas, pela primeira vez, captaram os sons emitidos por esta colossal criatura vegetal, que se regenera há cerca de 9 mil anos na região centro-sul de Utah, nos Estados Unidos.
Os pesquisadores Jeff Rice e Lance Oditt apresentaram o registro sonoro de Pando durante o 184º Encontro da Sociedade Acústica Americana, realizado no Chicago Marriott Downtown Magnificent Mile Hotel, em Illinois. Após gravar os sons de Pando para a edição especial da The New York Times Magazine “Listen to the World” em 2018, o artista sonoro Jeff Rice retomou a tarefa em 2022, colaborando com o grupo sem fins lucrativos Friends of Pando.
Para captar a essência sonora de Pando, considerado a maior árvore do mundo em termos de peso e extensão terrestre, Rice utilizou uma variedade de microfones. Ele registrou o som de pássaros que se aproximavam, o farfalhar das folhas e o clima do lugar.
O Som das Raízes de Pando
No entanto, o objetivo do artista era mais audacioso: ele desejava registrar o som do sistema radicular do organismo, que pode atingir profundidades superiores a 27 metros, de acordo com alguns relatos. Lance Oditt, diretor executivo da Friends of Pando, identificou vários locais potenciais de gravação abaixo da superfície.
Durante uma tempestade em julho de 2022, Rice utilizou um hidrofone – um instrumento capaz de captar vibrações sonoras transmitidas através da água – em Pando, que é composto por mais de 47 mil troncos de álamos (Populus) geneticamente idênticos e interligados pelas raízes.
Os sons captados (disponíveis neste link) são vibrações emitidas pelo maior organismo vivo do mundo, possivelmente originadas do sistema radicular ou do solo. Os ruídos capturados são, em sua maioria, o farfalhar de milhões de folhas de álamo ao vento.
Rice e Oditt demonstraram que vibrações podem ser transmitidas de árvore para árvore através do solo. Ao baterem levemente em um galho a 30 metros de distância, o hidrofone registrou o impacto. “É como duas latas conectadas por um barbante”, compara Rice. “Exceto que existem 47 mil latas conectadas por um gigantesco sistema de raízes.”
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