Na busca incansável por soluções inovadoras em medicina, a ciência alcançou mais um marco histórico. O University of Maryland Medical Center (UMMC) anunciou, na última sexta-feira (22), a realização bem-sucedida do segundo transplante de coração de porco em um ser humano.
O receptor do transplante, Lawrence Faucette, de 58 anos, enfrentava uma doença cardíaca terminal e outras complicações, tornando-o inelegível para um transplante de coração tradicional. Sua única esperança repousava nas possibilidades experimentais, levando-o a ser admitido no UMMC em 14 de setembro, com sintomas de insuficiência cardíaca.
Atualmente, Lawrence está respirando por conta própria, e o coração transplantado demonstra um funcionamento exemplar, sem necessidade de suporte adicional. O procedimento inovador foi aprovado sob o programa de “uso compassivo” da Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA), destinado a pacientes com doenças graves ou risco imediato de vida, quando não há outras opções terapêuticas disponíveis.
O coração transplantado provém de um porco geneticamente modificado pela Revivcor, subsidiária da United Therapeutics Corporation. O animal teve dez genes editados para garantir a aceitação pelo sistema imunológico humano e evitar a rejeição do órgão.
“Estamos mais uma vez oferecendo a um paciente terminal uma chance de uma vida mais longa, e estamos extremamente gratos ao Sr. Faucette por sua bravura e disposição em ajudar a aprimorar nosso conhecimento neste campo”, expressou o Dr. Bartley Griffith, cirurgião responsável pelo transplante e professor de cirurgia na Faculdade de Medicina da Universidade de Maryland.
Faucette concordou plenamente com o caráter experimental do tratamento, foi informado de todos os riscos, passou por uma avaliação psiquiátrica completa e teve seu caso analisado por um eticista médico. Ele e sua esposa, Ann, alimentam a esperança de desfrutar de mais momentos juntos, valorizando cada segundo de suas vidas.
Este segundo caso segue o primeiro transplante de coração de porco em humano, realizado em David Bennett em janeiro de 2022, também pela University of Maryland. Infelizmente, Bennett veio a falecer dois meses após o procedimento, devido a complicações.
Com mais de 113.000 pessoas na lista de espera por um transplante nos EUA, e 17 pessoas morrendo diariamente à espera de um órgão doador, este avanço representa uma luz no fim do túnel para muitos. No entanto, a pesquisa ainda está em fase inicial, sem ensaios clínicos em andamento que utilizem órgãos de porco para transplantes em seres humanos vivos.