Bill Gates, um dos fundadores da Microsoft, propôs uma visão futurista do mercado de trabalho em uma recente entrevista ao podcast “What Now?”, onde discutiu o potencial impacto da inteligência artificial (IA) no cotidiano profissional. Ele levantou a possibilidade de uma jornada de trabalho reduzida para apenas três dias por semana, impulsionada pela tecnologia de inteligência artificial (IA).
Na conversa, ao responder a uma pergunta sobre a IA substituir empregos, Gates refletiu sobre o propósito da vida além do trabalho. Ele sugere que, se as máquinas puderem realizar tarefas básicas como a produção de alimentos, uma jornada de trabalho mais curta poderia ser benéfica. “Se você diminuir o zoom, você sabe que o propósito da vida não é apenas trabalhar. Então, se você eventualmente conseguir uma sociedade onde você só tem que trabalhar três dias por semana ou algo assim, provavelmente está tudo bem se as máquinas puderem fazer toda a comida e outras coisas e não termos que trabalhar tanto”.
Gates também destacou a evolução da relação da sociedade com o trabalho, observando que essa dinâmica muda a cada geração. Ele reforçou a importância da IA como um avanço tecnológico significativo, comparável à criação do microprocessador, do PC, da internet e do telefone celular. “O computador substituiu o que tantas pessoas estavam fazendo como seus empregos e, ainda assim, por causa do computador, milhões e milhões de pessoas têm empregos”, citou.
No contexto brasileiro, a ideia de uma semana de trabalho reduzida já está em prática, mas ainda é limitada a um pequeno grupo de empresas, principalmente startups. Um ano após a adoção deste modelo, profissionais e executivos reportam um aumento na produtividade. A jornada de quatro dias por semana não encontra impedimento legal no Brasil, conforme estabelecido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que permite a redução da carga horária sem afetar os salário.
Empresas como a agência de comunicação Shoot, de Porto Alegre, adotaram o formato e não planejam reverter a decisão. Além disso, a ONG britânica 4 Day Week Global planeja testar o modelo em 30 a 40 empresas brasileiras no segundo semestre deste ano, em parceria com pesquisadores de renome internacional. Este projeto segue o lema “100-80-100”, que propõe pagar 100% do salário por 80% do tempo trabalhado, desde que a produtividade seja mantida.
“A pessoa ter um dia (livre) a mais faz com que ela tenha mais tempo para cuidar da vida dela, então isso certamente aumenta os índices de bem-estar, saúde mental e felicidade”, diz Renata Rivetti, diretora da Reconnect Happiness at Work, empresa de consultoria parceira da 4 Day Week Global no Brasil.
A implementação da semana de quatro dias, contudo, apresenta desafios em determinadas áreas, especialmente aquelas que exigem atendimento contínuo ao público ou operações logísticas, onde pode ser necessário contratar mais profissionais.
“Essas adaptações seriam mais difíceis em linhas de produção e na área de logística. Mas é uma tendência e as empresas que se adaptarem mais rápido e encontrarem soluções para isso terão um diferencial para atrair e reter talentos”, observa o diretor regional da Robert Half Lucas Nogueira.
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