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Estudo revela primeiro mamífero conhecido por acasalar sem penetração

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Cientistas descobriram um comportamento reprodutivo único no morcego-serotino (Eptesicus serotinus), sugerindo ser o primeiro mamífero a acasalar sem penetração. Este achado, divulgado na revista Current Biology, foi possibilitado por vídeos capturados em uma igreja na Holanda e em um centro de resgate e reabilitação de morcegos na Ucrânia.

A pesquisa liderada por Nicolas Fasel, especialista em morcegos da Universidade de Lausanne, Suíça, observou os morcegos-serotinos tocando seus genitais, com o macho utilizando o pênis para mover uma membrana protetora da vulva da fêmea. Fasel destacou a biologia reprodutiva “incrível” dos morcegos, notando a dificuldade de estudo devido à natureza noturna e secreta desses animais.

A análise detalhada de 97 eventos de acasalamento revelou que metade das cópulas durou menos de 53 minutos, com um registro de um par mantendo um abraço copulativo por mais de 12 horas. Este comportamento é similar ao “beijo cloacal” utilizado por muitas aves. A anatomia genital dos morcegos-serotinos, com o pênis do macho sendo sete vezes mais longo que a vagina da fêmea e com uma cabeça em forma de coração sete vezes mais larga que a abertura vaginal, parece tornar o sexo penetrativo difícil ou impossível.

Teri Orr, professora assistente e especialista em sistemas reprodutivos de morcegos da New Mexico State University, expressou surpresa inicial ao ver os machos usando seus genitais como um “braço copulatório” e sugere que a transferência de esperma pode ser semelhante à das aves. Ela apontou a utilidade multifuncional das membranas de cauda dos morcegos, incluindo na reprodução.

Alan Dixson, professor de biologia da Victoria University of Wellington, Nova Zelândia, e autor do livro “Mammalian Sexuality: The Act of Mating and the Evolution of Reproduction”, considerou as observações “bizarras e únicas”, mas ressalvou que mais evidências são necessárias para sustentar a alegação.

Susanne Holtze, coautora do estudo e cientista sênior no Leibniz Institute for Zoo and Wildlife Research em Berlim, reconheceu que a transferência de esperma ainda é uma “questão aberta” e será foco de futuras pesquisas. Holtze, especialista em reprodução assistida em animais, espera que as informações obtidas no estudo auxiliem no desenvolvimento de estratégias para a inseminação artificial de morcegos.

O estudo não só lança luz sobre aspectos pouco conhecidos da biologia dos morcegos, mas também tem implicações para a compreensão da infertilidade humana e para a conservação de espécies de morcegos ameaçadas, expandindo significativamente o conhecimento sobre a biologia reprodutiva dos mamíferos.

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