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Módulo Odysseus pousa na Lua e grava Terra como exoplaneta

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O módulo lunar Odysseus, desenvolvido pela empresa Intuitive Machines, realizou um pouso histórico perto do Polo Sul da Lua em 22 de fevereiro, marcando um avanço significativo na exploração espacial. O módulo implantou quatro antenas para registrar ondas de rádio ao redor da superfície lunar, uma conquista celebrada pelo astrofísico Jack Burns, da Universidade do Colorado em Boulder (CU Boulder), como o “amanhecer da radioastronomia a partir da Lua”.

O Odysseus superou uma série de desafios técnicos para alcançar a superfície lunar. O módulo, que faz parte do programa Commercial Lunar Payload Services (CLPS) da NASA, foi a primeira missão desse tipo a realizar um “pouso suave” na Lua, embora tenha inclinado de lado no processo. Entre os problemas enfrentados, o módulo não pôde utilizar seu sistema de navegação a laser e teve que depender inteiramente do sistema de câmeras ópticas para pousar na superfície lunar.

O experimento a bordo do Odysseus, chamado Radio wave Observations at the Lunar Surface of the photo Electron Sheath (ROLSES), foi liderado por Natchimuthuk Gopalswamy, do Centro Espacial Goddard da NASA. Este experimento incluiu um espectrômetro de rádio e antenas projetadas para registrar uma ampla gama de emissões de rádio perto da Lua e no espaço profundo. Um incidente com uma das antenas, que superaqueceu e saiu do módulo, acabou sendo uma sorte inesperada, permitindo que o experimento registrasse ondas de rádio da Terra por quase uma hora e meia.

Jack Burns, professor emérito do Departamento de Ciências Astrofísicas e Planetárias da CU Boulder e co-investigador do ROLSES, destacou a importância deste feito. “Vimos a Terra como um exoplaneta, ou seja, um planeta orbitando outra estrela”, disse Burns. “Isso nos permite perguntar: como seriam nossas emissões de rádio se viessem de uma civilização extraterrestre em um exoplaneta próximo?”.

Os dados coletados pelo ROLSES superaram os registros anteriores, como os obtidos pelo experimento liderado pelo astrônomo Carl Sagan da espaçonave Galileo da NASA na década de 1990. Burns apresentará uma atualização sobre os dados do ROLSES e compartilhará planos futuros para a radioastronomia lunar durante a 244ª Reunião da Sociedade Astronômica Americana, que ocorrerá esta semana em Madison, Wisconsin. A conferência de imprensa está marcada para segunda-feira, 10 de junho,

A missão Odysseus abre caminho para futuras explorações. A NASA já aprovou um segundo experimento ROLSES, que será lançado em outro módulo CLPS em 2026. Além disso, Burns está envolvido em um terceiro experimento CLPS, conhecido como Lunar Surface Electromagnetics Experiment-Night (LuSEE-Night), programado para chegar ao lado oculto da Lua em 2026. Este instrumento observará emissões de rádio dos primórdios do universo, durante a chamada “Era das Trevas”, antes da formação das primeiras estrelas, fornecendo insights valiosos sobre a evolução do cosmos.

“Como a NASA enviará dois ou três módulos à Lua a cada ano, temos uma oportunidade única de aprimorar nossos instrumentos e aprender com os erros, algo que não era possível desde os primeiros dias do programa espacial”, concluiu Burns.

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