O KarXT, um medicamento inovador recentemente aprovado nos Estados Unidos para o tratamento da esquizofrenia, está sendo testado em outros transtornos neurológicos, incluindo a doença de Alzheimer. Desenvolvido pela Karuna Therapeutics, o fármaco se destaca por atuar nos receptores muscarínicos M1 e M4, apresentando benefícios antipsicóticos e cognitivos com menos efeitos colaterais do que os tratamentos convencionais.
Os receptores muscarínicos são proteínas localizadas na superfície de células nervosas e em outros tecidos do corpo, que respondem à acetilcolina, um neurotransmissor essencial para funções como aprendizado, memória e regulação de movimentos. Existem cinco tipos principais de receptores muscarínicos (M1 a M5), cada um desempenhando papéis específicos no cérebro e no corpo. Por exemplo, os receptores M1 estão ligados à cognição, enquanto os M4 estão associados a efeitos antipsicóticos. Esses receptores são alvos de medicamentos que buscam tratar doenças neurológicas e psiquiátricas.
Pesquisadores estão investigando o potencial do KarXT em tratar a psicose associada ao Alzheimer, bem como sua capacidade de reduzir o declínio cognitivo. Estudos em animais indicaram que fármacos focados no receptor M1 podem desacelerar a progressão da neurodegeneração, reforçando as expectativas em torno dessa classe de medicamentos.
O desenvolvimento do KarXT representa um marco após décadas de estagnação nos tratamentos para esquizofrenia, que se concentravam principalmente em bloquear a atividade da dopamina. Apesar disso, desafios permanecem. Estudos clínicos recentes apontaram que entre 11% e 18% dos pacientes descontinuaram o uso do KarXT devido a efeitos colaterais, como náuseas e vômitos.
Além da esquizofrenia e do Alzheimer, cientistas avaliam se medicamentos baseados em receptores muscarínicos podem ser aplicados em outros transtornos, como bipolaridade, dependência de opioides e Parkinson. Segundo especialistas, o KarXT inaugura uma nova era na psiquiatria, mas seu desempenho no uso cotidiano ainda precisa ser acompanhado de perto.
“Estamos aprendendo muito sobre como esses medicamentos funcionam fora do ambiente controlado dos ensaios clínicos”, afirmou Carol Tamminga, psiquiatra e consultora científica da Karuna Therapeutics.
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