Cientistas identificaram sete estrelas na Via Láctea que emitem radiação infravermelha inexplicada, um fenômeno que pode ser compatível com as chamadas esferas de Dyson — megaestruturas teóricas capazes de capturar toda a energia de uma estrela. O conceito, apresentado pelo físico Freeman Dyson em 1960, sugere que civilizações avançadas poderiam construir essas estruturas para sustentar tecnologias de alta demanda energética.
As esferas de Dyson, na verdade, não seriam uma estrutura sólida única, como muitas vezes é retratado em obras de ficção científica, mas sim um “enxame” de satélites ou painéis solares orbitando uma estrela. Esse sistema captaria e armazenaria a energia emitida, proporcionando recursos quase ilimitados para civilizações tecnologicamente avançadas. A ideia foi inspirada no romance de ficção científica Star Maker (1937), de Olaf Stapledon, e Dyson adaptou o conceito para sugerir métodos de busca por inteligência extraterrestre.
A pesquisa mais recente foi conduzida por Matías Suazo, doutorando em física e astronomia da Universidade de Uppsala, na Suécia, e publicada na revista científica Monthly Notices of the Royal Astronomical Society. Usando dados de telescópios como o WISE (da NASA), Gaia (da Agência Espacial Europeia) e o levantamento 2MASS, a equipe analisou 5 milhões de estrelas a até 1.000 anos-luz da Terra. Após aplicar filtros para evitar contaminações nos dados, sete estrelas com emissões anômalas foram selecionadas.
Todas as candidatas são anãs vermelhas, o tipo mais comum de estrela na galáxia. No entanto, ainda não há evidências conclusivas de que elas estejam rodeadas por esferas de Dyson. Fenômenos naturais, como colisões planetárias ou discos de detritos, também podem explicar o brilho infravermelho observado. “Ainda não sabemos o que causa o brilho. Elas se comportam como previsto por nossos modelos, mas podem ter outra origem”, explicou Suazo.
Caso existam, as esferas de Dyson representariam um avanço tecnológico imensurável. Para sua construção, seriam necessários recursos em uma escala tão grande que, segundo Dyson, até mesmo um planeta gigante como Júpiter teria que ser desmontado para fornecer matéria-prima. “Com uma quantidade de energia equivalente à do Sol, poderíamos realizar feitos impensáveis, como viagens interestelares ou até mover sistemas solares inteiros”, ponderou Suazo.
Os pesquisadores acreditam que o Telescópio Espacial James Webb, com sua capacidade de observação em alta definição, poderá ajudar a esclarecer o mistério. Contudo, a competição para usar o equipamento é acirrada, o que pode atrasar as análises.
Enquanto isso, o debate sobre as esferas de Dyson continua. Para Freeman Dyson, falecido em 2020, o objetivo principal de buscar sinais extraterrestres seria ampliar a compreensão de fenômenos astronômicos pouco conhecidos. “A descoberta de novos fenômenos naturais é exatamente o motivo pelo qual devemos olhar para o céu”, dizia Dyson.
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