Um estudo publicado nesta segunda-feira (23) na edição online da revista Neurology revelou que o medicamento atogepant, aprovado nos Estados Unidos pelo FDA e pela Comissão Europeia (EMA) para prevenir enxaquecas, pode começar a agir já no primeiro dia de uso. O remédio, que pertence à classe dos antagonistas do receptor de peptídeo relacionado ao gene da calcitonina (CGRP), é administrado por via oral.
Segundo o autor do estudo, Dr. Richard B. Lipton, do Albert Einstein College of Medicine, em Nova York, os tratamentos atualmente disponíveis para enxaqueca costumam demorar semanas ou meses para alcançar sua eficácia plena. Isso faz com que muitos pacientes abandonem o tratamento devido à falta de resultados rápidos ou efeitos colaterais. “Ter um medicamento que age de forma rápida e eficaz é uma necessidade crucial,” afirmou Lipton.
O estudo analisou dados de três ensaios clínicos – ADVANCE, ELEVATE e PROGRESS – que avaliaram a segurança e eficácia do atogepant em 12 semanas de uso. Os participantes incluíam pessoas com enxaqueca episódica (até 14 dias de crise por mês) e crônica (15 ou mais dias de dor de cabeça mensais, sendo ao menos oito característicos de enxaqueca).
No primeiro dia de tratamento, os participantes que tomaram atogepant apresentaram uma redução expressiva na ocorrência de enxaquecas em comparação ao placebo. No ADVANCE trial, 12% dos pacientes medicados relataram crises, contra 25% no grupo placebo. No ELEVATE trial, os números foram 15% e 26%, respectivamente, enquanto no PROGRESS trial foram 51% e 61%.
Além disso, ao longo das semanas seguintes, os participantes medicados relataram em média uma redução de até 1,5 dias de enxaqueca por semana, comparados a menos de um dia para aqueles que tomaram placebo. O medicamento também apresentou melhorias na qualidade de vida e na capacidade de realizar atividades diárias, reduzindo significativamente o impacto das crises de enxaqueca.
“A enxaqueca é a segunda principal causa de incapacidade na população geral e a primeira entre mulheres jovens. Seus efeitos vão além da dor, afetando relacionamentos, carreira e finanças,” destacou Lipton.
Apesar dos resultados promissores, o estudo apresentou limitações, já que a maioria dos participantes era mulher e branca, o que pode limitar a generalização dos dados para outras populações. Ainda assim, o atogepant representa um avanço importante no tratamento da enxaqueca, oferecendo aos pacientes uma alternativa eficaz e de ação rápida.
Os pesquisadores enfatizam a necessidade de ampliar os estudos para populações mais diversificadas, enquanto pacientes e médicos aguardam a ampliação da disponibilidade do medicamento no mercado.
Atualmente, o atogepant não está disponível para venda no Brasil, pois ainda não recebeu aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Embora o medicamento já esteja autorizado em mercados como os Estados Unidos e a União Europeia, não há registros de estudos clínicos envolvendo o atogepant em andamento no Brasil.
Dessa forma, também não há previsão oficial para sua comercialização no país. Pacientes brasileiros que sofrem com enxaqueca devem consultar seus médicos para discutir alternativas de tratamento já aprovadas e disponíveis no mercado nacional.
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