Imagem: Roland
O megalodon (Otodus megalodon), um dos maiores predadores que já habitaram os oceanos, pode ter sido ainda mais impressionante do que se imaginava. Segundo um estudo recente publicado na Palaeontologia Electronica, essa espécie extinta de tubarão pode ter atingido um comprimento de até 24 metros, superando estimativas anteriores que apontavam um tamanho máximo de 15 metros.
A pesquisa foi conduzida pelo paleobiólogo Kenshu Shimada, professor da Universidade DePaul, em Chicago, e especialista em fósseis de tubarões. O estudo sugere que, além de seu tamanho colossal, o megalodon possuía uma estrutura corporal diferente da tradicionalmente aceita. Em vez de ser robusto como um grande tubarão-branco, o megalodon pode ter sido mais esguio e hidrodinâmico, com um corpo semelhante ao do tubarão-limão. Essa nova perspectiva desafia a forma como esse animal tem sido representado na cultura popular e até mesmo na ciência.
A dificuldade de determinar com precisão o tamanho do megalodon decorre da escassez de fósseis bem preservados. Como os tubarões são peixes cartilaginosos, seus esqueletos não se fossilizam com facilidade. Assim, a maioria dos registros fósseis desse predador consiste em dentes, que são extremamente resistentes, e algumas vértebras fossilizadas.
Para estimar as proporções do megalodon, os pesquisadores compararam suas vértebras com um banco de dados contendo informações sobre 145 espécies de tubarões modernos e 20 espécies extintas. A equipe analisou como as proporções do corpo variam entre diferentes espécies e usou essa base para recalcular as dimensões do megalodon.
Uma das descobertas mais intrigantes foi que a hidrodinâmica do corpo desse tubarão pode ter sido um fator crucial para seu crescimento extremo. Animais marinhos mais alongados e esguios tendem a atingir tamanhos maiores sem comprometer sua mobilidade. Esse princípio é observado em baleias-azuis, que podem crescer mais de 30 metros, enquanto tubarões de corpo mais compacto, como o grande tubarão-branco, dificilmente ultrapassam 6 metros.
“A ideia de que o megalodon era apenas uma versão gigante do grande tubarão-branco não se sustenta mais”, afirmou Shimada. “Se o corpo for mais fino e aerodinâmico, a possibilidade de crescimento extremo aumenta.”
O megalodon dominou os oceanos durante o período Mioceno e Plioceno, entre 15 milhões e 3,6 milhões de anos atrás. Esse tubarão era um superpredador, situado no topo da cadeia alimentar, e caçava presas de grande porte, como baleias primitivas, golfinhos e outros tubarões.
A força da mordida do megalodon era estimada entre 108.000 e 180.000 newtons, tornando-o um dos predadores mais poderosos da história. Para comparação, o grande tubarão-branco (Carcharodon carcharias), um dos maiores predadores marinhos da atualidade, possui uma força de mordida em torno de 18.000 newtons, quase dez vezes menor que a do megalodon.
Seus dentes, que podiam ultrapassar 18 cm de altura, eram serrilhados e extremamente afiados, adaptados para rasgar carne e perfurar ossos com facilidade. Megalodons podiam perder milhares de dentes ao longo da vida, mas estavam constantemente regenerando novas fileiras, garantindo uma eficiência de caça contínua.
Estudos indicam que o megalodon tinha uma distribuição global, habitando águas tropicais e temperadas em diferentes partes do mundo. Fósseis de dentes foram encontrados em locais como Estados Unidos, Peru, Japão, Europa e África, sugerindo que ele era capaz de se adaptar a diversos ambientes oceânicos.
Apesar de sua supremacia como predador, o megalodon desapareceu há cerca de 3,6 milhões de anos, possivelmente devido a uma combinação de fatores ambientais e ecológicos. O resfriamento dos oceanos, associado à transição para a era glacial, pode ter reduzido suas áreas de caça e afetado suas presas, levando a uma escassez de alimento.
Além disso, a ascensão de novos predadores marinhos, como as orcas ancestrais e até mesmo tubarões mais eficientes na caça em águas frias, pode ter representado uma forte competição. Com um corpo gigante e necessidades energéticas enormes, o megalodon pode ter encontrado dificuldades para sobreviver em um ecossistema em transformação.
Apesar dos avanços científicos, o maior mistério sobre o megalodon ainda persiste: sua real aparência e tamanho definitivo. Até agora, não foi encontrado um esqueleto completo desse tubarão gigante. “Somente com um fóssil bem preservado poderemos determinar com precisão sua estrutura corporal”, explicou Shimada.
Enquanto essa descoberta não acontece, a imagem do megalodon continuará sendo refinada através de novas pesquisas e reconstruções científicas.
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