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Cientistas criam fungo aromático que acaba com mosquitos da dengue, malária e zika

Fabio Rocca by Fabio Rocca
27/10/2025
in CIÊNCIA, SAÚDE E BEM ESTAR
mosquito Aedes aegypti

Aedes aegypti, mosquito transmissor dos vírus da dengue, febre amarela, zika e chikungunya (Foto: Muhammad Mahdi Karim / Wikimedia Commons)

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Pesquisadores da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, criaram uma nova arma biológica contra mosquitos transmissores de doenças como dengue, malária e zika. Trata-se de um fungo geneticamente modificado que exala um aroma floral capaz de atrair e eliminar os insetos de forma eficaz e segura.​

O estudo, publicado na revista científica Nature Microbiology em 24 de outubro de 2025, apresenta uma inovação no controle biológico de mosquitos. A equipe liderada por Raymond St. Leger, professor emérito de entomologia, modificou geneticamente o fungo da espécie Metarhizium pingshaense para que ele liberasse longifolene, um composto aromático adocicado semelhante ao perfume das flores.​

A estratégia desenvolvida pelos cientistas explora o comportamento natural dos mosquitos. Tanto machos quanto fêmeas buscam o néctar das flores como fonte de energia, sendo atraídos pelo aroma característico. Ao perceber o perfume floral liberado pelo fungo modificado, os mosquitos são induzidos a se aproximar e entrar em contato com os esporos. Uma vez infectados, os insetos morrem em poucos dias.​

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mosquitos colocados em um recipiente com fungo
Mosquitos colocados em um recipiente. Crédito: Mark Sherwood e Raymond St. Leger.

Os resultados obtidos em testes de laboratório foram impressionantes. O fungo aromático eliminou entre 90% e 100% dos mosquitos nas condições experimentais. A eficácia permaneceu elevada mesmo em ambientes com aromas concorrentes, como flores naturais e cheiro humano, demonstrando a potência do atrativo desenvolvido.​

Uma das características mais promissoras da tecnologia é sua segurança. O longifolene já é amplamente utilizado na indústria de perfumes e cosméticos humanos, com longo histórico de uso seguro. Diferentemente dos pesticidas químicos tradicionais, o fungo modificado não representa riscos para humanos, animais domésticos ou outros insetos benéficos ao meio ambiente.​

Raymond St. Leger explica que antes deste estudo não se sabia que o longifolene tinha efeito atrativo sobre mosquitos. “Descobrimos que este composto específico funciona como um ímã para os mosquitos, explorando seu comportamento natural de busca por néctar”, afirmou o pesquisador. A descoberta abre caminho para uma nova geração de produtos de controle biológico.​

Os cientistas destacam que os esporos do fungo liberam o aroma gradualmente por vários meses, mantendo sua capacidade de atração durante todo esse período. Essa característica aumenta a viabilidade prática da tecnologia, reduzindo a necessidade de aplicações frequentes.​

A pesquisa surge em um contexto de crescente preocupação com doenças transmitidas por mosquitos. Segundo dados globais, milhões de pessoas são afetadas anualmente por dengue, malária, zika e outras arboviroses. No Brasil, a dengue representa um desafio constante de saúde pública, com epidemias recorrentes que sobrecarregam o sistema de saúde.

Outro ponto favorável à nova tecnologia é o baixo custo de produção. O fungo pode ser cultivado em substratos baratos e amplamente disponíveis, como como fezes de galinha, cascas de arroz e restos de trigo, tornando a solução acessível mesmo para países pobres, onde a incidência de doenças transmitidas por mosquitos é mais elevada.​

A alternativa biológica desenvolvida pelos pesquisadores ganha relevância diante do problema crescente da resistência dos mosquitos aos inseticidas químicos convencionais. Décadas de uso intensivo de pesticidas levaram populações de mosquitos a desenvolver mecanismos de resistência, reduzindo a eficácia das estratégias tradicionais de controle.

Os próximos passos da pesquisa incluem testes de campo em condições reais e o processo de aprovação regulatória necessário para a comercialização do produto. Os cientistas estão otimistas quanto ao potencial da tecnologia para integrar programas de controle integrado de vetores em diferentes países.​

A equipe da Universidade de Maryland também está trabalhando em variações da tecnologia que possam ser adaptadas para diferentes espécies de mosquitos e ambientes. A flexibilidade da abordagem de modificação genética permite ajustes para maximizar a eficácia em situações específicas.​

Especialistas em saúde pública veem com interesse a nova alternativa, ressaltando que o controle efetivo de mosquitos vetores requer múltiplas estratégias combinadas. O fungo aromático poderia complementar ações como eliminação de criadouros, uso de mosquitos modificados com bactéria Wolbachia e campanhas educativas.

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