Em outubro de 2023, o Brasil enfrentou um marco epidemiológico ao identificar o primeiro foco do vírus H5N1 em mamíferos. Esta cepa, conhecida como Influenza Aviária A, é popularmente referida como gripe aviária, devido à sua alta afinidade com células de aves, e tem o potencial de infectar diversas espécies, entre elas humanos, suínos e baleias.
De acordo com o professor Jansen de Araújo, do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, uma das maiores preocupações da comunidade científica é a recente adaptação do vírus às células de mamíferos. A nova adaptação é diferente das contaminações anteriores e indica uma mutação preocupante. “No entanto, o que temos observado é que a transmissão de um mamífero para outro ainda não é eficiente. Assim, o vírus ainda não possui total autonomia para essa transmissão”, esclareceu Araújo. Até o momento, apenas indivíduos que tiveram contato direto com aves infectadas foram diagnosticados com o H5N1.
Desde o final de 2021, o mundo vem sendo alertado sobre a ressurgência deste subtipo de influenza, com vários casos sendo identificados nos Estados Unidos e, posteriormente, em outros países ao longo de 2022. “Observamos a trajetória desse vírus através das rotas migratórias na costa do Pacífico, atingindo países como Colômbia, Peru e Equador. No litoral peruano, uma área com alta concentração de leões marinhos, houve uma mortalidade significativa desses animais devido ao vírus”, detalhou Araújo.
A rapidez com que o H5N1 se espalhou é motivo de alarme para os especialistas, especialmente pelo impacto observado tanto em aves de granja quanto em animais selvagens. No Brasil, a região Sul tem sido o epicentro dos casos entre mamíferos, levando a consequências ecológicas consideráveis, uma vez que as espécies afetadas não têm defesas naturais contra o vírus.
Para mitigar os danos potenciais, medidas preventivas estão sendo tomadas. A população é aconselhada a não se aproximar ou interagir com animais suspeitos de infecção. Qualquer caso potencial deve ser imediatamente reportado aos serviços de defesa da região.
Do ponto de vista econômico, o Brasil, atualmente o maior exportador mundial de frango, pode sofrer um revés substancial se uma epidemia de H5N1 se consolidar, dada sua posição de destaque no mercado global.