Uma nova pesquisa publicada na revista acadêmica Praehistorische Zeitschrift sugere que guerreiros das tribos germânicas do período romano faziam uso sistemático de substâncias psicoativas antes de combates com o Império Romano.
A principal pista para essa prática vem de pequenas colheres ornamentadas, encontradas em mais de 100 sítios arqueológicos na Escandinávia, Alemanha e Polônia. Esses utensílios, medindo entre 4 e 7 centímetros, eram frequentemente associados a equipamentos militares e usados para dosar substâncias como ópio, cannabis, beladona e fungos alucinógenos. A análise de 241 dessas colheres sugere um design específico para administrar doses precisas, evitando overdoses que poderiam prejudicar os guerreiros no campo de batalha.
Os pesquisadores identificaram possíveis substâncias vegetais disponíveis na época, como ópio, beladona e outros compostos naturais. Esses estimulantes teriam sido utilizados para aumentar a agressividade, reduzir o medo e melhorar a eficiência física dos combatentes em batalhas. A análise também revelou a sofisticação dessas práticas, com os utensílios projetados para administrar doses precisas e evitar intoxicações graves.
Evidências arqueológicas e novos insights
Locais como o sítio de Illerup, no sul da Escandinávia, fornecem pistas sobre a prevalência do uso de estimulantes. Objetos similares, encontrados em locais de sacrifícios militares e votivos, reforçam a hipótese de que essas práticas eram amplamente adotadas e culturalmente enraizadas nas comunidades germânicas.
Os autores do estudo também levantam a possibilidade de uma atividade econômica organizada em torno da produção e distribuição de substâncias psicoativas, destinada a atender as demandas dos conflitos militares. Essa descoberta sugere uma integração entre práticas culturais, rituais de guerra e estratégias militares.
Ampliação da compreensão histórica
Esses achados oferecem uma nova perspectiva sobre as estratégias dos povos germânicos e destacam o uso sofisticado de recursos naturais para fins militares. Além de revelar um lado menos explorado da história, o estudo amplia a compreensão sobre como as comunidades do passado empregavam substâncias psicoativas para lidar com os desafios das batalhas.
Os pesquisadores acreditam que o uso de estimulantes pelos guerreiros germânicos era muito mais difundido do que se supunha anteriormente, desafiando visões tradicionais sobre as práticas culturais e militares dessa época.